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GUILLERMO PIRO
( ARGENTINA )
Guillermo Piro é escritor, jornalista e tradutor.
Nasceu em 16 de agosto de 1960 em Avellaneda , Província de Buenos Aires , Argentina .
Há anos que Piro se dedica a republicar as obras de Héctor A. Murena, de quem o Fundo de Cultura Económica já publicou uma antologia sob seus cuidados intitulada Visiones de Babel.
Piro trabalhou como jornalista freelancer para diversos meios de comunicação nacionais e estrangeiros. Seus artigos, resenhas, entrevistas e crônicas de viagens foram publicados em Clarín , La Nación , Diario Perfil , Página/12 , First , 3 Puntos , La Stampa , Los Inrockuptibles . Foi diretor da revista de livros Gargantúa .
Piro é membro do conselho editorial do Diario de Poesía e do conselho de administração da revista Confines . Traduziu, entre outros, Juan Rodolfo Wilcock , Roberto Benigni, Emilio Salgari , Giuseppe Tomasi di Lampedusa, Andrea Zanzotto, Carlo Maria Cipolla, Enrico Brizzi , Federico Fellini , Paolo Rossi, Melissa P. e Ermanno Cavazzoni. Atualmente é editor de Cultura do Diário Perfil .
Bibliografia - Poesia
"O doce canibal", Último Reino, Buenos Aires, 1988.
"As nuvens", Último Reino, Buenos Aires, 1993.
“Estudo das mãos”, Sob a Lua Nova, Rosário, 1999.
"Correspondência", La Bohemia, Buenos Aires, 2003.
"São Jean-David", Aurelia Rivera, Buenos Aires, 2007.
“Destas lindas praias”, Vox, Bahía Blanca, 2010.
Ver bibliografia completa em:
https://es.wikipedia.org/wiki/Guillermo_Piro
TEXTO EM PORTUGUÊS
Tradução de Felipe Nepomuceno
INIMIGO RUMOR – revista de poesia. Número 7 – AGOSTO DEZEMBRO 1999. Editores: Carlito Azevedo, Augusto Massi.
Rio de Janeiro, RJ: Viveiros de Castro Editora, 1999. 108 p.
ISSN 1415-9767. Ex. bibl. de Antonio Miranda
DAS NUVENS
Ágil, satisfeita de si mesma, vive fora de qualquer
norma e obedece ao vento somente pelo temor físico.
Guerreira, decidida e próspera. A tela cromática pela
qual penetram influências baratas ou embaçadas.
Todas elas sempre precisam de algo novo. Sua
superficialidade e sua ausência de toda norma
desembocam em uma paixão pelas grandes extensões,
ciência que a nuvem pode facilmente adquirir mas que
acaba sendo muito difícil de dominar. O orgulho
intelectual é tão grande que jamais estão contentes com
a forma que têm e poucas são as que meditam
seriamente na possibilidade de criar uma, definitiva
nuvem monstro. E menos ainda se sentem dispostas a
chegar a um acordo sobre seu caráter.
Impertinente, intransigente, teimosa; elevada,
ambiciosa; tão temerária em movimento como parada.
Quanto mais retrocedemos, maior é a casa.
As nuvens pequenas são felizes porque se encontram
entre seres temerários e o mundo deve crer que elas são
temerárias.
Esta nuvem nunca provocará temor. Falta-lhe o
componente estremecedor, desgarrador; falta a ela
adversidade e raiva, a sensação de vazio sob os pés, a
sensação de sufoco. Gosta de ser magra e considera isso
uma vantagem.
Nuvem opulenta, enfática, solene. De aspecto sereno,
mas ao mesmo tempo sutilmente eloquente. Ativa e
analítica, ereta e pulcra. Seu vigor é surpreendente,
mas nunca se apressa ne se altera. Raramente perde a
paciência e nunca se enfurece.
Algumas sugerem constrangimento.
Sórdida, desenfocada aparência de mancha míope.
Uma auréola nevada, de fugaz estancamento,
encantada com sua forma: não a trocaria por nada.
De rosto vigorosamente modelado em cera, colocada
perto do fogo até que nitidez da linha se tivesse
perdido.
( ... )
A maldição para elas consiste em não ser nada além de
uma quando queriam ser mil. Suas vozes não têm
sentido. O que são suas vozes frente ao vento? Seus
corpos serão pisoteados, suas gargantas serão
esmagadas. Um só grito é tão pouco importante como
uma única escama na pele de uma jibóia.
*
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Página publicada em novembro de 2023
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